Com uma queda de 18% no valor exportado no primeiro quadrimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2012, o setor de calçados, no País, tem aproveitado o aumento da renda e os incentivos ao consumo para alcançar maior fatia do mercado interno, enquanto tradicionais compradores do exterior enfrentam crise financeira. Contrastando com a situação da maior parte dos estados das regiões Sul e Sudeste, o Ceará registrou, de janeiro a abril deste ano, aumento de 0,9% das exportações e de 10,5% no número de itens, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). O Estado é a unidade federativa que mais exporta pares no País, chegando, no primeiro quadrimestre, a comercializar no exterior quase o dobro de itens que o Rio Grande do Sul, segundo lugar em exportação de pares.
Ao todo, o Ceará vendeu a outros países 16,3 milhões de pares, enquanto os gaúchos exportaram 8,75 milhões de pares. Entretanto, devido ao maior valor agregado dos calçados produzidos no Rio Grande do Sul, este faturou US$ 210 milhões com as exportações, enquanto o Ceará vendeu Us$ 115,5 milhões. Em volume de vendas, o crescimento do Estado foi de 10,5%. Acompanhando o Ceará, a Paraíba, terceiro estado a exportar mais pares, apresentou crescimento de 36% no valor das exportações nesse período.
Falta de interação
De acordo com o diretor técnico do Sebrae Paraíba Luiz Alberto Gonçalves de Amorim, apesar do avanço no Nordeste quanto às vendas lá fora - na contramão da maior parte do País -, a falta de interação na cadeia produtiva ainda é um dos passos a ser superado na região. Ele destaca que o mercado interno tem sido o principal foco dos comerciantes, especialmente no caso das micro e pequenas empresas.
Feira
Hoje, tem início uma das iniciativas voltadas para reverter esse cenário de desarticulação - o Gira Calçados, que se estende até a próxima quinta-feira, em Campina Grande, na Paraíba. Segundo a analista do Sebrae Paraíba e gestora do projeto de calçados, Éricka Vasconcelos, o evento pretende reunir toda a cadeia produtiva do setor, através de rodadas de negócios, palestras e oficinas.
Volume gerado
A feira também irá abrigar o Seminário Nacional da Indústria de Calçados, que inicia hoje. A expectativa, diz, é que sejam movimentados R$ 7 milhões nas rodadas de negócios. O evento é pioneiro no Nordeste, já que não havia feira do gênero para todas as atividades do setor.
Um dos destaques do encontro, diz Ericka, é a possibilidade de conhecer novas tecnologias utilizadas na produção. Um dos participantes, Francimar Rodrigues de Carvalho, sócio-diretor da empresa Donna Calçados, com sede em Campina Grande, ressalta que a competitividade tem impulsionado os produtores a investir cada vez mais em tecnologia. "Antes a gente fazia um ´desenvolvimento´ a cada três meses, depois, passou para dois meses. Agora, todo mês a gente desenvolve algo".
O Gira Calçados reunirá mais de 200 lojistas e mais de 60 empresas expositoras. A primeira edição do evento tem apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), do Sindicato das Indústrias de Calçados e Artefatos da Paraíba (Sindicalçados), Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (Fiep), Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos para os Setores do Couro, Calçados e Afins (Abrameq), Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) e Abicalçados.
Fonte: Diário do Nordeste
Comments