Comitiva cearense está otimista com as negociações realizadas durante missão a feira de varejo Canton Fair, realizada na China. Os empresários conheceram fabricantes e os processos de importação.
Feiras de varejo, como a Canton Fair, em Guangzhou, na China, funcionam como termômetro para identificar produtos diferenciados e levantar preços. Empresários cearenses visitaram as duas primeiras fases do evento, que prossegue até cinco de maio. A maioria não tem intimidade com o processo de importação e apresentam um natural receio com o investimento. Para importar são necessários três atores no processo: o comprador/empresa; o fabricante/vendedor e o despachante aduaneiro. O ideal é ter foco definido, comprar direto do fornecedor e não confiar apenas em informações obtidas por meio da internet.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL), Freitas Cordeiro, está otimista em relação a possíveis negociações entre chineses e cearenses: “Acredito que são poucos, talvez, os que não venham a fechar negócios mas, segundo eles mesmos, já saíram ganhando pelo ineditismo da feira, pela descoberta deste novo mundo e oportunidade de conhecer a verdadeira China, que não conseguimos captar sem presenciar. A missão (China 2014 – Negócios coletivos, a chave do futuro) é válida e nossa ideia é que este evento faça parte do calendário da CDL”, pontua.
“Há, evidentemente, produtos de boa qualidade e outros que deixam a desejar. Portanto, dá para fazer uma boa escolha diante das opções“, avalia o presidente da Federação das Câmaras dos Dirigentes Lojistas do Ceará (FCDL), Honório Pinheiro.
As prospecções e contatos iniciais foram realizados. “A Canton Fair não é feira para fechar negócios imediatos, mas a partir dela, sentar com a equipe e filtrar o que vai para frente. Em seguida, o despachante aduaneiro faz o levantamento dos valores, adiciona os custos para calcular o valor final”, resume Cláudio Meirelles, sócio diretor do Grupo Baumann, empresa de consultoria internacional, que faz levantamento de preços e fabricantes, inspeção de fábrica e vistoria da carga. Há oito anos levava em média 12 brasileiros e hoje são quase 100 por semestre. Da delegação realizada pela CDL Fortaleza participaram 72 integrantes.
Zero estoque
A China não tem estoque. Ao receber os 30% do valor total é dado o início da produção. Do pedido à chegada são aproximadamente 90 dias, dependendo de cada produto e suas especificações técnicas e exigências legais para a entrada no Brasil. Após aprovado o pagamento final, o despachante aduaneiro informa ao agente de cargas para retirá-la no porto.
O agente de carga internacional da CTI Cargo, Bruno Toscano, estima que 70% das importações são oriundas da China. “Trazemos de tudo: alimento, indústria têxtil construção civil, eletro eletrônico. Ninguém consegue chegar perto deles”. O valor do frete é o mesmo independente da quantidade, em média US$ 1.700, dependendo do tamanho do container, mas no meio do ano poderá aumentar por conta do reajuste anual do General Rate Increase (GRI). “No Pecém são cinco grandes companhias marítimas. Em Santos, por exemplo, há quase o dobro. Ainda assim, é mais vantajoso trazer direto para cá e evitar custos com o transporte rodoviário”, afirma Toscano. O seguro da carga é outra questão a ser considerada, custa 0,26% do valor e cobre roubo e danos à carga.
A jornalistas viajou a convite da CDL
Saiba mais
As trades possuem autorização para importar o Radar, e repassam os produtos.
Providenciar o Radar da empresa. A autorização para importar emitida pela Receita Federal. A permissão é dividida em limitada (até US$ 150 mil por semestre) e ilimitada (acima de US$ 150 mil por semestre).
O despachante aduaneiro cuida da nacionalização e liberação da carga e cálculo dos impostos. É cobrado, em média, 2 a 3 salários mínimos por processo.
O gerenciamento do processo custa em média de 5 a 6 % do valor do pedido.
O frete custa US$ 1.700 por container de 20 pés, o menor, e não é obrigatório comprar um container completo.
É preciso pagar 30% para produzir e 70% para embarcar.
Dominar o idioma e a cultura local são algumas das dificuldades na negociação.
É válido documentar processos e documentos.
Fonte: O Estado de Ceará
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